domingo, 31 de julho de 2011

CIRO DE OLIVEIRA É HOMENAGEADO PELO PROJETO PEIXE VIVO








FOTOS: 1: Saragosa, Lenilde, Ciro e Vitória.





















2: Lúcia e Paulo, que escreveu a história do Ciro em Cordel.











3: Conceição, Lia, Dal Farra, Ro Bigatão e Ecilda.





























4: Jonir, Fernando e Cleir.











5: Marisinha, Roca, Dênis, Maria Rita e Ciro.








6: Ciro,Mariza e Vitória.












Release divulgado em agosto de 2006.
Pulando para 2011: o prefeito Nelsinho já está
com a mão na massa para a revitalização da Praça do Peixe.



O evento que se realiza no próximo 27 de Agosto, na Praça do Peixe cria o Prêmio Margarida Neder e o confere a dez personalidades, entre elas, Ciro de Oliveira, jornalista, editor de telejornais, programador de rádio, criador de roteiros, colecionador e apresentador do Encontro de Gerações, seu programa das manhãs de domingo na 104 FM Regional, há 11 anos ininterruptos. Quem acompanha o programa percebe o apuro com que os blocos são forjados, o desfile requintado das seleções musicais e de como elas ganham vida própria quando focalizam compositores, cantores, temas, a liberdade com que o apresentador viaja no tempo e, com certeza, seu profundo conhecimento do assunto.

Campo Grande sempre teve a sorte e o privilégio de contar com missionários apaixonados pelas artes e a comunicação. Figuras empreendedoras, nem sempre valorizadas, mas, desde que o mundo é mundo é assim: de Noé, passando por Buda e Maomé. Então, vamos falar de Ciro de Oliveira, campo-grandense da gema, nascido no final da Treze de Maio (onde está o Comper), em frente do famoso “Vai ou Racha”, lendário bar no miolo do Cascudo, antigo nome do bairro São Francisco.

Antes de ir para a escola, já dominava o toca-discos de sua casa e, na adolescência, demonstrava conhecimento incomum pela música. O que se ouvia na década de 50 em Campo Grande? De tudo. Délio e Delinha, Pixinguinha, Dilermando Reis, clássicos da música paraguaia, tango, bolero, samba, marchinhas, grandes orquestras, Elvis Presley e música clássica, das valsas de Strauss ao modernismo de Stravinsky (quando fui estudar música descobri que a vinheta de um programa de notícias que meu pai ouvia era um pedacinho do Pássaro de Fogo. Исправления - tradução: “copiou?”).

O caminho do primeiro emprego levou Ciro de Oliveira à Rádio Educação Rural em 1968, pelas mãos do grande Ailton Guerra. Começou como sonoplasta e trabalhou com grandes personagens da história do Rádio em Campo Grande: Sabino Presa, Durvalino, Juca Ganso, João Bosco de Medeiros. Dois anos depois foi promovido a discotecário e, em uma semana organizou todos os discos da rádio, memorizando suas localizações. O próximo passo foi a programação musical, que se completou com a criação de roteiros e projetos de novos programas.

Em 1974 Ciro de Oliveira foi para a Rádio Difusora, levando com ele Eder Mociaro, radialista e músico, voz deliciosa falando e cantando. Na nova empresa foram colegas de Antônio Mário, que tocava no conjunto do Rádio Clube e de Wilson Minossi, moço de fina estampa que apresentava o Jornal da TV Morena. Aqui comprovamos um fato comum do antigo “Sul de Mato Grosso antes da Divisão”: o número expressivo de jornalistas-músicos que campeiam nessa terra. Que o digam: Paulo Simões, Denise Dal Farra, Og Ibrahim e, mais recentemente, o enfant terrible Elânio Rodrigues, entre outros.

Nessa época, Ciro de Oliveira era fã da Rádio JB do Rio de Janeiro e apurava o gosto por mpb e música internacional. Muito antes das FM virem para cá, Ciro já produzia o “Difusora Faixa Músical”, com todo o perfil de uma. Foi ele que apresentou Milton Nascimento, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Chico Buarque e Elis Regina aos ouvintes de Campo Grande. Além da música, envolveu-se também com o jornalismo do rádio, colhendo preciosas notícias do interior, na época em que era verdadeira batalha fazer interurbano. Santa internet!

Foi assim que surgiu o convite para trabalhar na TV Morena, empresa onde cumpriu com maestria, uns 25 anos de trabalho. A dedicação integral à música e ao jornalismo aproximou-o dos festivais e proporcionou-lhe estreita convivência com o movimento cultural de Mato Grosso do Sul. Às vezes gastava o salário quase inteiro comprando discos que foram compondo um acervo de peso num verdadeiro encontro de gerações. Passou a investir em um banco de dados que começou com discos de 78 rotações, passando por Long Plays, depois para os CDs e daqui em diante, só Deus e tecnologia sabem. Hoje sua discoteca já passa de 5 mil exemplares. Quando entrei pela primeira vez nessa alcova musical, me escapou um “Uau... estou na caverna do tesouro!”.

Além do acervo comprado, Ciro ganhou muito material dos marqueteiros de gravadoras que, ao tomarem conhecimento de seu talento, sempre lhe presentearam com réplicas de discos raros, que ele cataloga, mantém, pesquisa e utiliza no programa que não poderia ter outro nome: Encontro de Gerações.

(In Memorian) Apesar da televisão tomar-lhe tempo, fazendo-o acordar de madrugada para pegar no batente às cinco da manhã, Ciro de Oliveira nunca deixou o rádio e sempre acompanhou tudo o que se fez nessa área na cidade. Assim, percebeu que as manhãs de domingo eram muito apáticas e poderiam ser melhor aproveitadas, principalmente num dia em que quase todo o mundo está em casa. Assim nasceu em 1995 o Encontro de Gerações, programa idealizado, produzido e apresentado por Ciro de Oliveira na 104 FM Regional.

A homenagem a Ciro de Oliveira é motivada pela vida inteira dedicada à música, pelo valor que sempre conferiu aos projetos culturais de Mato Grosso do Sul e pelo entusiasmo com que acompanha os eventos da Praça do Peixe. Salve Ciro de Oliveira!


Lenilde Ramos